Dez veículos automotores, frota com avaliação de mercado próxima de R$ 250 mil, estava em nome do porteiro Ozeias Silveira de Morais, que acabou morto na madrugada de quarta-feira (10), horas depois de executar com tiros na nuca dois policiais civis de Mato Grosso do Sul. A investigação jornalística do Campo Grande News identificou a existência de registros no CPF de Ozeias de veículos populares a modelos mais sofisticados, além de motocicleta de 300 cilindradas.
Cobrança de dívidas envolvendo dois automóveis, um Chevrolet Cruze ano 2012 e um Volkswagen Gol ano 2018, eram as únicas pendências judiciais envolvendo Ozeias, conforme verificado. Os processos referem-se a financiamentos dos veículos, cujas parcelas deixaram de ser pagas.
Para o Cruze, o valor da negociação informado à Justiça pela BV Financeira era de R$ 41 mil, em 36 vezes, no contrato assinado na data de 18 de dezembro de 2018. O pagamento da parcela de R$ 1,1 mil deixou de ser feito em agosto do ano passado, conforme a ação de busca e apreensão do bem alienado.
Para o Gol, o financiamento foi concedido pelo banco da montadora Volkswagen, no valor de R$ 49 mil. Eram 48 parcelas de R$ 1,5 mil. Desde junho do ano passado, não havia pagamento.
Incompatível – Se fosse honrar os dois compromissos, o vigia de condomínio de luxo na Avenida Afonso Pena teria de dispender, mensalmente, R$ 2,6 mil só para as prestações desses veículos.
Em um dos processos envolvendo o financiamento, a renda informada por Ozeias para conseguir fazer o contrato foi de R$ 8,3 mil, salário bem acima da média paga a vigias e porteiros.
Sites especializados em monitorar esse tipo de atividade revelam que, no País, a média salarial de trabalhadores nessa função é de R$ 1,3 mil. A reportagem levantou, junto a pessoas que conviviam com ele no ambiente de trabalho, que o porteiro realmente usava veículos diferentes com frequência.